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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Protecionismo do Sardenberg

Um tema sempre recorrente em análises de comércio internacional é o Protecionismo. Seja disfarçado "apenas" de um inocente discurso anti-globalização ou mesmo de teorias nacionalistas ufanistas, defendidas por pessoas que se intitulam patriotas, o Protecionismo é um mal e deve ser combatido por todos de bom senso.

Gosto muito do jeitão caipira e pragmático do Sardenberg (no menu ao lado tem link para o site dele). Ele é dessas pessoas que falam e escrevem com clareza, assuntos que poderiam se mostrar complexos. Abaixo, um comentário dele sobre o Mal do Protecionismo, do início do ano, porém um tema nunca ultrapassado e que por isso não deve ser esquecido para ser sempre combatido.

O mal do protecionismo

O protecionismo é um caso clássico em que a política, pelo menos a de curto prazo, colide com a economia.

No varejo, no caso a caso, proteger uma indústria ou todo um setor parece fazer sentido. Se uma fábrica brasileira vai fechar porque não consegue competir com brinquedos vindos da China, então teremos empregos perdidos aqui e preservados lá na China. Logo, aplica-se um imposto proibitivo sobre o produto chinês e salvam-se os empregos brasileiros.

Do mesmo modo, como fizeram os deputados americanos, se o governo vai gastar dinheiro do contribuinte americano para fazer estradas e pontes, por que deveria comprar aço estrangeiro e assim estimular o emprego lá fora? Comprando só aço americano garante os empregos nacionais.

O efeito imediato da proteção é visível.

Os outros efeitos, não.

Para o consumidor local, o efeito é péssimo. Vai pagar mais caro e se torna consumidor cativo do fabricante nacional, pois a proteção elimina a concorrência maior, que é a internacional. E sem competição, a busca pela qualidade cai. Portanto, a proteção transfere renda do consumidor para o produtor e reduz a competitividade daquele setor.

Mas o problema maior – e que demora a aparecer – está no comércio internacional. Quando todos os países se guiam pela proteção, e uns retaliam outros (por exemplo, o Brasil restringe a importação de carne argentina para retaliar os argentinos, que impediram a importação de geladeiras brasileiras) o resultado geral é uma redução no volume do comércio mundial.

Menos comércio dá em menos desenvolvimento e em menos empregos. Assim, os americanos salvam os empregos do pessoal do aço, mas perdem os empregos dos que trabalham em fábricas e serviços que fornecem para o exterior. Os americanos não vão comprar nosso aço? Ok, não compramos os filmes deles.

O mundo já passou por períodos de protecionismo. Em todos houve perda de crescimento. Mas evitar isso depende de ação coordenada de países. Se não, cada um segue sua lógica particular e o resultado é um desastre geral.

Um comentário:

  1. Muito bom. Considerando-se o espaço curto, é isso mesmo. Faltou dizer que a saída lógica para impedir a concorrência desleal de produtores estrangeiros (notadamente os chineses) seria, não aumentar o imposto de importação, mas sim reduzir o de exportação. Proteção, não, mas alguma regulação, sim, pois a concorrência deve ocorrer sob condições relativamente iguais (os chineses pagam salários baixos, dólar alto, estímulos de toda ordem, enquanto nós...). Portanto, cabe ao governo local mexer seus tentáculos para retirar algumas "facilidades" chinesas do jogo, colocando-os em pé de igualdade conosco. Mas proteger o produtor nacional é mesmo dar um tiro no pé a longo prazo.

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